sábado, 10 de março de 2012

Expressionismo – um olhar atento

Recuperar a arte da xilogravura alemã, que teve em Albrecht Dürer, no séc. XVI, seu mais ilustre representante. Este foi o objetivo inicial do grupo de artistas que em 1904, em Dresden, Alemanha, reuniu-se formando “Die Brucke” (A Ponte). Emile Nolde, Karl Schmidt Rottluf, Ernst Ludwig-Kircher, Fritz Bleyl, Erich Heckel, Max Pechstein e Otto Müller, juntos visitavam museus para estudar obras renascentistas e modernas.

 
Ernst Ludwig Kirchner. Dançarinas, xilogravura, 1909.


Seu desejo era expressar sua angústia diante do destino do Homem, estabelecer uma ligação entre o visível e o imponderável. Expressar o sentimento que teria mais valor que a razão.
Algum tempo depois da formação do “Die Brucke”, os representantes dessa pintura dramática, uniram-se ao Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), grupo de tendência abstracionista, que grande influência teria na pintura contemporânea.
Se o “Die Brucke” representava uma atitude germânica, o “Blaue Reiter” era internacionalista.
No Expressionismo, o artista busca a deformação dos objetos naturais, transformando-os em caricaturas. O valor representativo que, até então caracterizava a paisagem e a figura humana, desaparece. São valores emotivos registrados por sua sensibilidade.
O pintor expressionista repudia a formação técnica, sendo dono de grande originalidade no domínio do claro-escuro.
O artista transmite sua angústia e também do seu grupo social, criticando a exploração do homem pelo homem, e todas suas misérias. No Brasil, Cândido Portinari denuncia a triste condição humana dos nordestinos.
O Expressionismo desenvolveu-se principalmente, em países nórdicos:Noruega, Suécia e Dinamarca e, na Alemanha e Holanda, onde o misticismo e o temperamento visionário caracterizam o povo.
A objetividade do povo latino e sua preocupação plástica e visual não ofereceu um meio tão propício ao desenvolvimento do Expressionismo.
A grande inspiração desse movimento foi a obra de Vincent Van Gogh que se divide em: – fase holandesa(1880-1886) e fase francesa(1886-1890).
Na fase holandesa, sua temática é social. Em sua pintura predominam o marrom e os tons escuros. Representa muito bem esse período o quadro “Comedores de Batatas”.



Na fase francesa, de temas visuais deformados, Van Gogh usa cores claras. Nota-se a influência de Seurat com o Divisionismo. Os quadros de Van Gogh tornam-se mais expressivos com o movimento marcado pelas suas pinceladas. Dessa fase, os quadros “Noite estrelada” e “Auto-retrato” são belíssimos exemplos.


Van Gogh. Autoretrato. Saint-Rémy, 1889. Museu d’Orsay.
Outra grande influência no Expressionismo alemão foi o norueguês Edward Munch, pintor e gravador de temática mórbida e dramática. Munch foi influenciado pelo naturalismo de Christian Krog e pelo realismo irônico de Toulouse-Lautrec.
A obra mais importante de Munch é a gravura “O Grito”: do rosto de um homem, partem ondas concêntricas que imprimem angústia e desespero, tão característicos em sua obra. Essa xilogravura de 1903 foi feita segundo uma tela de 1895.

Edvard Munch. O Grito, 1895. Gravura. Munch Museum, Oslo, Noruega.
Do grupo “Die Brucke”, o artista Emile Nolde(1867-1955) é o que alcança maior reconhecimento. Sua temática religiosa; por vezes explora a mitologia germânica, em outras, temas bíblicos. Incursiona até criações de motivos panteístas.
Como o pós-impressionista Gauguin, Nolde procurou um lugar exótico para viver. Viajou muito, chegando à Nova Guiné. Os fundadores do “Die Brucke” eram estudantes de arquitetura que desejavam criar uma passagem (ponte) para a arte do futuro.
O expressionismo foi particularmente importante nas artes gráficas, sobremaneira na xilogravura(gravura em madeira), técnica que explora a violenta contraposição do preto e branco. O grupo extingue-se em 1913.
No grupo “Blaue Reiter”, o maior representante é Franz Marc(1880-1916). Seu “Cavalos Azuis” caracteriza o movimento. Animais e paisagem integram uma mesma movimentação rítmica, às vezes alcançada através de linhas suaves e fluidas como em “Cabrito Montês”, ou com cubos e linhas angulares como no “Tigre”. De influência futurista, usa cores alegres e iluminadas.

 
Franz Marc. O Tigre.

Em ambos percebemos o traçado de ângulos acentuados. No “Die Brucke” com contornos sombrios e o contraste de cores puras, ácidas como amarelo, verde, vermelho e negro, ao contrário do colorido alegre do “Blaue Reiter”, que não prosseguiu por muito tempo: a morte de dois de seus integrantes, Franz Marc e August Macke em campos de batalha da 1ª Guerra Mundial determinou o fim do grupo.
Deram continuidade ao Expressionismo artistas independentes como:
Lyonel Feininger, Christian Rohlfs, Oskar Kokoschka, Max Beckmann, George Grosz e Otto Dix, todos traduzindo a influência da guerra e seus horrores.
A Ponte (Die Brucke) e O Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter) foram acompanhados por outros movimentos expressionistas de menor visibilidade entre nós:
 
- o círculo de A Tempestade (Der Sturm);
- Grupo Novembro (November Gruppe);
- Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit;
- e a figura única de Käthe Kollwitz.

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