quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Contexto Histórico - O Renascimento

OBRAS DE ARTES PARA COLORIR E PINTAR - MICHELANGELO - PIETA

OBRAS DE ARTES PARA COLORIR E PINTAR - MICHELANGELO - DAVI

Época Moderna

A Época Moderna inicia-se por volta de 1450 e caracteriza-se por ser um dinamismo civilizacional do Ocidente. Este período decorreu entre meados do século XV e finais do século XVIII, nele ocorreram descobertas e mudanças diversos níveis, sendo elas marítimas (descoberta das rotas do Cabo e das Américas), encontro de povos, capitalismo comercial, ascensão burguesa, absolutismo régio, Reforma e afirmação do espírito científico. Revolucionaram-se técnicas e conhecimentos, Guttenberg inventou a Imprensa que rapidamente se difundiu pela Europa e pelo Mundo, tornando-se um meio poderoso de expansão cultural, troca de ideias e difusão de notícias. Contudo, foi também nesta época que um novo e importante período surgiu, denominamo-lo por Renascimento.

Renascimento e contributo português

O Renascimento surgiu em Itália e durou entre os séculos XV e XVI. Caracterizava-se por ser um movimento cultural e artístico baseado na Antiguidade clássica (período greco-latino), era então o Renascer dessa cultura e arte que acabou por originar novas ideias e pensamentos quer a nível artístico, quer literário e científico.
Associados a este novo período nascem o Humanismo e o Individualismo que vêem revolucionar a maneira como o Homem é visto. Este passa a ter valor, a ser visto como uma criatura livre, boa e responsável, uma fonte de saber e a confiança ilimitada nas capacidades humanas origina o Antropocentrismo. De acordo com Picco della Mirandolla (importante Humanista da época), “O Homem é o construtor do seu próprio destino”.
O Renascimento dividiu-se em dois períodos – o de Quattrocento (Quatrocentos) em que a principal capital era Florença e os principais mecenas eram a Família Médicis, que na época governavam a capital e era a grande protectora das artes e das letras; e o período de Cinquecento (Quinhentos) em que a principal capital era Roma e o mecenato era praticado pelos papas Júlio X e Leão X.
Apesar de ter nascido na Itália devido a diversas condições, sendo elas: a prática do comércio, localização geográfica favorável, vestígios da Antiguidade Clássica, prática do mecenato, existência de universidades, como a de Bolonha, o Renascimento rapidamente se difundiu por toda a Europa com uma velocidade incrível – estudantes-bolseiros, intelectuais e artistas chegavam à Itália em busca de novidades e regressavam às suas origens com outros conhecimentos a nível intelectual e artístico, partilhavam-nos, nas universidades, nas cortes régias e principescas, nos círculos aristocráticos e burgueses, fazendo com que tudo e todos ficassem fascinados com aquilo que imaginavam e ambicionavam ver. Passaram então a destacar-se locais como os Países Baixos (era um grande centro de renovação artística e religiosa, destacando-se o pensamento de Erasmo de Roterdão), a Alemanha (país de Guttenberg que inventou a imprensa), Londres e França devido às suas importantes universidades, muitas delas criadas no final do século XIV e princípio do século XV, que resultaram num novo e marcante interesse pelo saber e finalmente destacavam-se Lisboa e Sevilha, grandes cidades cosmopolitas da Europa.
Sevilha, foi um importante centro de comércio no século XVI e era lá que se podiam encontrar numerosos negociantes de todas as regiões da Europa, era um importante pólo de desenvolvimento científico e de apoio à navegação. Sevilha cresceu à medida que cresceu o comércio ultramarino e para os espanhóis, Cristóvão Colombo tornou-se importante ao descobrir a América que fazia com que ao Porto de Sevilha chegassem quantidades abundantes de prata e de ouro.
Lisboa, foi nos primeiros anos de Quinhentos a metrópole comercial do Mundo, lá se iniciaram os Descobrimentos e a Expansão portuguesa. A ela chegavam sobretudo as cobiçadas especiarias da Índia e lá se estabeleceram organismos regulamentadores e fiscalizadores do comércio, como por exemplo a casa da Índia, que se ocupava do apetrechamento, abastecimento e reparo dos navios e ao Porto de Lisboa chegavam várias tripulações de todo o mundo.
D. Manuel e D. João III desempenharam nos seus reinados um importante papel de mecenas apoiando o ensino e a difusão de novas correntes culturais da época incentivando a produção artística.
Mas Portugal não teve um importante papel só no comércio pois acabou por contribuir em muito para o desenvolvimento Renascentista.
A curiosidade pelo mundo desconhecido descrevia na perfeição o espírito ocidental. Os europeus desejavam aventurar-se e descobrir novas regiões e povos. Marco Pólo é um grande exemplo desse espírito aventureiro. Muitos italianos tentaram e estudaram diversas expedições mas foram os Portugueses quem acabar por trazer uma maior revolução. Em 1434 dobraram o cabo Bojador e em 1488 sob o comando de Bartolomeu Dias, foi a vez de o cabo da Boa Esperança ser dobrado o que permitiu que mais tarde em 1498, Vasco da Gama chegasse à Índia. Em 1500 foi a vez de Pedro Álvares Cabral chegar à costa brasileira. Em 1507 tinham instalado um comércio na costa ocidental de África. Mais tarde o comércio marítimo do Oriente acabou por ficar nas mãos dos Portugueses assim, as narrativas fantásticas relacionadas com o Oriente que já provinham da Idade Média começaram a desaparecer visto que com o experiencialismo dos Portugueses era-lhes permitido fazerem descrições pormenorizadas da Natureza e descobrirem novas faunas e floras.
Também a visão geográfica do Mundo mudou. Se antes dessas descobertas se imaginava a Terra como tendo um fim ou como sendo dividida em zonas habitáveis e inabitáveis, com a expansão marítima a cartografia ganhou um novo aperfeiçoamento e os cartógrafos portugueses foram considerados os mais aptos. O planisfério de Cantino (1502) é um dos mais famosos mapas portugueses, exemplo de uma constante actualização da cartografia, representa África com bastante exactidão e é a mais antiga carta que mostra um largo trecho do litoral brasileiro. Mas não só se mudaram as descrições da natureza e a cartografia como também ocorreram diversas inovações técnicas. Para as navegações mais longas em que podiam correr o risco de se perder, os portugueses criaram a navegação astronómica, isto é guiavam-se pela posição dos astros. Para isso recorriam-se de instrumentos como o quadrante, o astrolábio ou tábuas solares. Já na construção naval passaram a reutilizar a nau, visto que a caravela tinha demasiadas limitações.
O saber português contribuiu em muito para o exercício do espírito crítico fazendo com que as verdades indiscutíveis fossem revistas.
Assistiram-se a notáveis progressos na álgebra e na matemática que acabaram por ser utilizados às várias ciências que a partir de então se desenvolveram. Destaca-se a astronomia cujas novas teorias originaram uma enorme revolução científica.
Nicolau Copérnico, publicou em 1543 o tratado de Revolutionibus Oribium Caelestium Libri em que apresentava os elementos da sua concepção sobre o Universo. Segundo o sábio, o Universo seria um espaço geometrizado, limitado por uma esfera celeste imóvel, com o Sol no centro. Os planetas, entre eles a Terra, moviam-se em volta do Sol. Os movimentos dos corpos celestes obedeciam ainda a regras comuns, isto é, definia-se a duração do percurso de cada planeta em redor do sol em função da distância a que deste se encontrava. Copérnico acabou ainda por defender que a Terra também se movia em volta de si mesma. Esta teoria era denominada Teoria Heliocêntrica e vinha contrariar oGeocentrismo de Ptolomeu.

Distinção social e mecenato

O progresso existente durante o Renascimento fez-se ainda acompanhar de novas e curiosas atitudes socioculturais que testemunhavam a crença na superioridade do Homem e no poder do indivíduo, de entre elas destacam-se a ostentação das elites cortesãs e burguesas, a prática do mecenato e o estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas.
O tempo do Renascimento deu origem a uma nova atitude optimista que existia sobretudo nas elites sociais onde existiam nobres e burgueses que procuravam ascensão, situação que era mais comum na Itália pois a economia das suas cidades-estado era bastante próspera, este era por exemplo o caso dos Médicis Florentinos que tinham escapado à crise do século XIV. Estas elites estavam totalmente rodeadas por luxo, conforto, beleza e sabedoria, vestiam as roupas mais ricas, residiam nos melhores palácios e consumiam requintadas iguarias. Investiam na aquisição de obras de arte e no reforço das suas bibliotecas.
As cortes eram um círculo privilegiado da cultura e da sociedade renascentistas. Na sua obra, O Cortesão, Baltasar Castiglione apresenta as características morais, intelectuais e físicas que eram obrigatórias num verdadeiro cortesão, eram pois regras que faziam parte de uma sociedade mais refinada no gosto. Era por isso que a vida quotidiana das elites cortesãs estava condicionada por um forte número de regras, como por exemplo o modo como se devia comer, vestir, cumprimentar, falar ou estar.
Foi ainda com a prática do mecenato, que mecenas como os Sforza de Milão, dos Montefeltro em Urbino ou dos Médicis em Florença encorajaram a produção artística e o desenvolvimento da mesma.

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