quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A Dança do coco: expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro.

O Coco também é chamado "bambelô" ou "zamba". É um folguedo dançado na região praiana do Norte e do Nordeste, sobretudo em Alagoas.
É uma dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de pares, que vão ao centro e desenvolvem movimentos ritmados, tendo como destaque o passo da umbigada que, ao ser realizado, anuncia a entrada de outros solistas no círculo. A percussão tem destacada presença na música da dança e é normalmente acompanhada por palmas e sapateados, hoje realizados com tamancos para imitar o barulho dos cocos quebrando.


Sua origem é bastante discutida, há quem afirme que aqui tenha chegado na
bagagem dos escravos africanos e há quem defenda a teoria de que ela seja o produto do encontro da raça negra
com o nativo local. Conta-se a história que os negros para aliviar as dores do trabalho de quebrar os cocos secos com os pés e embalados pelo barulho que faziam, cantavam e dançavam.


Baixe aqui o CD Entre na roda do coco, Grupo Babaçueira
obs: O link e o arquivo pertencem a CantosEncantos.


Apesar de mais freqüente no litoral, acredita-se que o Coco tenha surgido no
interior de Alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturavam escravos índios com africanos, no início da vida social brasileira (época colonial).

A dança do Coco continua sendo a expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro.

O Coco, a exemplo de outras danças tipicamente brasileiras, apresenta grandes variedades de formas.
Variadas são as modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música.

Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”, “Coco dez pés”, são referidos pela
métrica literária.


Os “Cocos de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música.

Os “Coco de praia”, “Coco de usina”, “Coco de
sertão”, pelos locais.
 
Os “Coco de roda”, “Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila” “De parelhas
trocadas”, “De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”,
pela coreografia.


Muitos deles caíram em desuso, por causa das influências culturais urbanas e da repressão das
autoridades (há um grau de erotismo embutido nas danças), mas ainda são praticados nas festas
juninas.

Um dos Cocos mais populares é o de embolada, que se caracteriza pelas curtas frases
melódias repetidas várias vezes em cadência acelerada, com textos satíricos (quase sempre
improvisados, em clima de desafio) onde o que importa é não perder a rima.

O Coco possui dois ritmos distintos, o "tropé" ou "tropel", que é um sapateado vigoroso, marcado pelos pés descalços ou tamancos pesados e que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. A umbigada está presente em muitas variantes.

As canções variam de acordo com região, que enriquece o repertório. 
O Coco é um folguedo do ciclo junino, que é dançado também em outras épocas do ano.

O Coco dançado em Alagoas é diferente do paraibano, do pernambucano e do rio-grandense. Em alagoas o sapateado é mais vivo e mais figurado. e forma-se rodas de homens e mulheres. No centro fica o solista que põe o "argumento", isto é, a melodia do texto. Logo sobressai o refrão cantado pelos demais da roda:
"Venha ver a coisa tá boa
Venha, é um Coco lá das Alagoas".
O solista, no centro, executa requebros e sapateados, passos figurados, inventados na hora. Ao finalizar faz a sua vênia ou reverência. Retira-se, e entra outra pessoa.

COCO-GAVIÃO

Cantado e dançado no Cariri (Ceará) por homens quando nos terreiros, já nas casas mulheres e homens dele participam. É de nítida influência alagoana, dos romeiros da Terra dos Marechais que se dirigiam a Juazeiro do Norte.

Outra variante ali existente é o coco-bingolê. Tanto um coco como o outro tornaram a adjetivação do refrão final. No primeiro, cantam "o gavião peneirô-ê" e, no segundo "bingolê, ô bongolê-á". A dança pequena diferença tem uma da outra. No coco-gavião as colunas se cruzam, no coco-bingolê, não.

INDUMENTÁRIA
Homens: calça listrada, xadrez ou branca, de boca estreita, camisa de meia, sandálias, chapéu de
palha.


Mulheres: vestido estampado de cor alegre, mangas fofas, saias bastante rodada, com babados. Nos
pés, usam tamancos de madeira que ajudam a sonorizar o ato da pisada no chão.


OS INSTRUMENTOS
O Coco é uma dança do povo e os principais instrumentos são as próprias mãos. As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o nome da dança, de ritmo bem brasileiro.
Usam também zabumba (tambor) "pife", flauta, ganzás, chocalho, viola, pandeiro, cuícas, maracás, bombos.Até o caixão de querosene entra na dança, na falta de um instrumento musical.

O Coco foi a dança preferida pelos cangaceiros. Lampião dançava o Coco em horas de descanso.
Na feira nordestina é um lugar onde se pode ver e ouvir o Coco improvisado, falando das dificuldades, dos problemas sociais e das paixões. É um espetáculo bonito de se observar!

Celebrado por muitos artistas, como Gal Costa, Gilberto Gil e Alceu Valença, o coco foi
redescoberto nos anos 90 em Recife, pela via do mangue beat, através do trabalho de grupos como
Chico Science & Nação Zumbi e Cascabulho. Eles chamaram a atenção para artistas recifenses
contemporâneos, mais próximos da raiz musical, como Selma do Coco, Lia de Itamaracá e Zé Neguinho
do Coco.

Sebastiana (coco)
Rosil Cavalcanti

Convidei a comadre Sebastiana
Pra dançar e xaxar na Paraíba.
(coro repete)
Ela veio com uma dança diferente
E pulava que só uma guariba.
(coro repete)
E gritava: a, e, i, o, u, ipsilone...
(coro repete)

Já cansada no meio da brincadeira
E dançando fora do compasso
Segurei Sebastiana pelo braço
E gritei: Não faça sujeira
O xaxado esquentou na gafieira
Sebastiana não deu mais fracasso.
Mas gritava: a, e, i, o, u, ipsilone...
(coro repete)

O coco tipicamente alagoano aparece em quatro músicas: Sebastiana (Rosil Cavalcanti);
Cremilda (Edgar Ferreira); A mulher do Anibal (Genival Macêdo)

Vídeos:

Fontes: Dança Brasil! - Gustavo Côrtes e Folclore Nacional II - Alceu Maynard Araújo

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