segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Figuração/abstração

A expressão artística através do desenho como forma de exteriorizar e comunicar, atravessa toda a história do homem e em todas as culturas.
O fascínio que sentimos perante obras artísticas como um desenho rupestre, gótico, renascentista ou contemporâneo, faz-nos pensar acerca do que estará no cerne destas obras para provocarem tal efeito. Diz-se que só o homem possui este fascínio e capacidade de admiração perante os fenómenos e factos estéticos e que portanto os "persegue", procurando exprimir-se através da arte. É com a mão que fazemos os gestos de desenhar. Os instrumentos surgem como objectos que constituem o prologamento das mãos, materializando visualmente o pensamento.
O desenho como disciplina das artes plásticas, reveste-se de características diversas quanto ao tipo de linguagem utilizado. Quando o registo envolve a referência aos aspectos visíveis da realidade e se traduz em imagens com um grau de relação mais ou menos aproximada com o conhecido, está-se no campo da figuração. O que vemos nas imagens tem uma relação directa com o que conhecemos: pessoas, objectos, espaços, etc.
Quando pelo contrário, o desenho é constituído por machas, linhas, pontos e nada no conjunto apresenta nenhuma espécie de paralelo com o mundo visível, está-se no domínio do registo abstracto. O que aqui é veiculado é uma criação do domínio do intelecto, do raciocínio, eventualmente da emoção, mas é traduzido por uma conjugação de registos que não têm nenhum paralelo com o que conhecemos da realidade visível . 
Leonor Soares 2001-2003
Fig. 25 - Picasso. 1944
Fig. 26 - Paul Klee. 1937

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