domingo, 20 de maio de 2012

INQUISIÇÃO

 

Intolerância em nome da fé

Alegando agir em nome de Deus, os hediondos tribunais do Santo Ofício foram responsáveis pela condenação, tortura e morte de milhares de pessoas consideradas hereges pela Igreja Católica.

A Inquisição era formada pelos tribunais da Igreja Católica, que perseguiam, julgavam e puniam pessoas consideradas hereges. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição Moderna, localizada em Portugal e na Espanha, que durou do século XV ao XIX.

Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX - em razão do crescimento de seitas religiosas - criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas menos severas, como a excomunhão, ou seja, o banimento do herege dos sacramentos da Igreja Católica. Na sua segunda fase, a Inquisição surgiu com penas muito severas, principalmente na Espanha de 1478.

As punições tornam-se bem mais pesadas, como a instituição da morte na fogueira, a prisão perpétua e o confisco de bens, este trazendo ainda mais riqueza a uma já poderosa Igreja Católica. A crueldade dos inquisidores, responsáveis pela aplicação das penas, era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que evitassem o banho de sangue que estava ocorrendo.

Os alvos principais dos inquisidores eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao catolicismo, acusados de praticar o judaísmo secretamente. Na verdade, esses grupos já haviam formado uma poderosa burguesia que atrapalhava os interesses da Igreja Católica medieval e principalmente dos nobres de "sangue azul".

Com o apoio de tais nobres, o clero intensificou a perseguição e aumentou ainda mais o poder do Tribunal do Santo Ofício, que passou a considerar como heresia qualquer ofensa "a fé e aos costumes". A lista de perseguidos incluía ainda os protestantes e iluministas, históricos combatentes dos desmandos do clero medieval e moderno.

O Brasil não chegou a ter um tribunal específico para punir hereges que pudessem surgir, mas emissarios da Inquisição estiveram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que centenas de brasileiros tenham sido condenados e mais de 20 queimados em Lisboa.

Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 20 mil foram queimadas nas fogueiras da Santa Inquisição. Na Espanha, até o fim do Santo Ofício, 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas na fogueira.

A Caminho da fogueira

A Inquisição abusava da crueldade para punir aqueles considerados infiéis. O processo era composto pelo Julgamento, pela Tortura e por último as Sentenças.

1. Julgamento

Representantes do Santo Ofício chegavam à aldeia e, no Período de Graça, que durava um mês, convidavam as pessoas a admitir as suas heresias, Quem se confessasse em geral se livrava de penas severas. Quem não o fazia poderia ser denunciado. Como a Inquisição incentivava a denúncia de hereges em troca de salvação da alma, o pânico era geral, pois todos eram supeitos em potencial.


Convocado a se defender no Tribunal, o acusado era interrogado por três inquisidores, sendo a defesa muito difícil, pois raramente o réu tinha direito a um advogado. E, para arrancar confissões, o Santo Ofício utilizava-se das técnicas de tortura.

2. Tortura

O inquisidor-mor variava a crueldade dos castigos conforme a heresia. Os mais leves incluíam deixar o acusado acorrentado, sem comer nem dormir por vários dias. Alguns relatos descrevem outros castigos bem mais cruéis e dolorosos, como o aparelho chamado "extensão".

O livro Prisioneiros da Inquisição, de Frederic Max, traz o relato de um maçom, condenado pelo tribunal, que passou pelos horrores da extensão, relatados da seguinte maneira:

"As cordas, puxadas por um torniquete, faziam com que os punhos se aproximassem um do outro, por trás. Puxaram tanto que as minhas mãos se tocaram. Desloquei os dois ombros e perdi muito sangue pela boca. Repetiram três vezes o mesmo tormento antes de me devolverem à cela".


Tortura da Extensão


Tortura da Água

Tortura da Roda


3. Sentenças

A cerimônia pública em que se liam as sentenças da Inquisição era chamada de auto de fé. Os autos de fé eram geralmente praticados em praça pública, sendo um grande acontecimento. Quase sempre estava presente na cerimônia o rei.

As punições iam das mais brandas, como a excomunhão, às mais severas, como a prisão perpétua e a morte na fogueira.  A execução na fogueira ficava a cargo do poder religioso secular. Caso o condenado renunciasse às heresias ao pé do fogo, era devolvido aos inquisidores. Se sua conversão a fé católica fosse verdadeira, podia trocar a morte pela prisão perpétua. A perseguição era tão intensa que caso um defunto fosse considerado herege por alguns de seus atos em vida, seu corpo era desenterrado e queimado.

Morte na fogueira inquisitorial


Hereges sendo queimados pelos Inquisidores

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