Todo artista, tem um talento ou um dom…
e os que admitem não possuir nenhum desses requisitos tem de se
esforçar muito para apresentar algo decente. A litografia era popular
no início do Século XIX, e um quarentão aposentado da marinha chamado
Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) queria fazer uma gravura, mas não
tinha habilidade para desenhar.
Utilizando-se de uma câmara obscura,
Niépce tentou gravar imagens em papel litográfico revestido com cloreto
de prata e sorridente, conseguia imagens mal formadas, sem contrastes e
que sumiam rapidamente pois não se fixavam no papel. Chamou esse
processo de Heliografia, que significa gravar com sol.
Depois que Niépce conseguiu gravar suas
imagens, sua preocupação se voltou para a fixação das mesmas. Pesquisas
com substâncias químicas e placas de metal ao invés de papel
litográfico, fizeram com que a primeira foto permanente e a mais antiga
do mundo surgisse em 1826. O problema desse processo é o longo tempo de
exposição, a falta de meios tons, além da imagem não ser muito nítida.
Quando Niépce fixou sociedade com
Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851) suas pesquisas já estavam
avançadas, e muito pouco obteve dessa parceria. Em 1833, Niépce morre
sem saber o quanto foi importante para a fotografia. Entre 1835 a
1839, Daguérre retoma os estudos de seu falecido sócio e normatiza as
operações para a realização da fotografia:
A) utiliza o iodeto de prata aplicado em vapores sobre uma placa de cobre;
B) a placa é fixada em uma câmara escura;
C) permanece em exposição por certo período;
D) imediatamente mergulhada em mercúrio aquecido para aparecer a imagem e;
E) fixando-a como banhos em solução saturada de sal de cozinha.
Em 1839 Daguérre completa todas essas etapas em 72 minutos, criando assim as condições para o Daguerreótipo.
Bom, o Naturalismo estava na veia de
Daguerre muito antes do invento do Daguerreótipo. No período que
compreendia sua sociedade com Niépce, seu maior interesse era o Diorama,
uma espécie de cópia exata de um ambiente tridimensional em miniatura.
Permaneceu com o interesse em comercializar esse tipo de arte, mas seu
maior Diorama, no qual se dedicou a construir por anos, se perdeu em um
incêndio. Daguérre, que neste momento estava em situação financeira
delicada, fez um acordo com o herdeiro de Niépce e os dois cederam os
direitos patrimoniais sobre o Daguerreótipo ao Governo Francês, em troca
de uma pensão vitalícia.
O fato é que o ser humano, pela primeira vez, conseguiu capturar e preservar um instante.
O noção de tempo experimentava a relatividade. O homem tinha criado um
meio de copiar a natureza, de modo mais realista possível. Depois da
fotografia, todas as artes, costumes e processos científicos e culturais
iriam ser influenciados. A educação do olhar cinematográfico
ganhava mais um alicerce, estava criada a mais importante base
tecnológica para a invenção do cinema.
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