É difícil eliminar redundâncias e pleonasmos viciosos da sua linguagem porque alguns se tornaram tão comuns e são tão usados que parecem corretos. Mas só parecem. Como “todo mundo fala assim” você vai atrás e perpetua o erro. Para ajudar a perceber (e corrigir) as bobagens que falamos mecanicamente, veja abaixo alguns pleonasmos usados a toda hora e que não fazem o menor sentido.
Prever de antemão - Prever significa ver antecipadamente. De antemão quer dizer antecipadamente. Precisa mais?
Há + Atrás – Fui viajar há dois meses atrás. Há muito tempo atrás eu usava esta roupa. O que há de errado nestas frases? Há e atrás na mesma frase é uma redundância ou um pleonasmo visto que há já indica passado, sendo, portanto, supérfluo e redundante o uso de atrás. Use ou há ou atrás: fui viajar dois meses atrás ou fui viajar há dois meses.
Já + Mais – A escola já não é mais tão boa como antes. Mesmo caso do uso de há e atrás. O já e o mais têm a mesma função na frase. Portanto é uma redundância. Elimine um dos termos e acerte.
Todos e Unânimes – Houve uma unanimidade entre todos os alunos/Todos foram unânimes em elogiar o chefe. Certo? Errado! Todo significa completo, inteiro, total. Unânime quer dizer relativo a todos, geral. Faça sua escolha entre todos e unanimidade/unânimes e diga Houve unanimidade entre os alunos/Os alunos foram unânimes… e Todos elogiaram o chefe/Foram unânimes em elogiar o chefe.
Comparecer pessoalmente - Comparecer é apresentar-se em local determinado. É impossível apresentar-se em algum lugar sem ser pessoalmente, certo? Diga comparecer ou ir pessoalmente.
Repetir de novo – Repetir é tornar a dizer/escrever/fazer/usar, etc. Elimine de novo.
Inaugurar novo/Criar novo/Novo lançamento - Não se inaugura, não se cria e não se lança nada velho, antigo ou que já existe. Então, para que esse novo? Fora com ele.
Grande maioria - Você fala pequena maioria? Claro que não. Maioria é a maior parte de. Logo, grande é gordura indesejável.
Conclusão final - Por que final se a palavra conclusão, sozinha, já quer dizer término, epílogo, fecho?
Certeza absoluta - Mais do mesmo: não existem meia certeza ou um pouco de certeza. Certeza é conhecimento exato, preciso, é convicção. Você tem certeza e ponto final.
Outros exemplos de pleonasmos viciosos comuns: Multidão de pessoas – Plebiscito popular – Estrelas do céu – Sonhar um sonho – Outra alternativa – Acabamento final - Conviver juntos – Amanhecer do dia – Países do mundo – Pessoa humana – Surpresa inesperada – Vereador da cidade – Pisar com os pés – Limite extremo – Abertura inaugural – Hemorragia de sangue – Cego dos olhos – Introduzir dentro – Gritar alto – Monopólio exclusivo – Sussurrar baixo
Para liquidar o assunto, saiba que nem todo pleonasmo é mau português. Há casos em que seu uso como figura de linguagem é legítimo e necessário para dar mais ênfase ou clareza à expressão.
Vinícius de Moraes (E rir meu riso e derramar meu pranto), Manuel Bandeira (Chovia uma triste chuva de resignação), Fernando Pessoa (Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?), Antonio Calado (Foi o que vi com meus próprios olhos) e vários outros grandes autores usam o pleonasmo literário propositalmente para dar à frase mais cor e intensidade ou para realçar uma ideia.
Mas você não precisa ser poeta ou escritor para usar o pleonasmo literário na linguagem do dia a dia. Use-o à vontade quando quiser enfatizar uma ideia. Nada contra falar sujo daquela sujeira encardida, lavar bem lavado, correr com aquelas pernas imensas, chorar um choro sentido, sorrir um sorriso triste, etc.
Percebeu a diferença entre pleonasmo vicioso e pleonasmo li
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