Banda projeta carreira no exterior
Misturar instrumentos “de verdade” com a música eletrônica. Essa é a proposta da banda Spyzer, formada há nove anos por quatro amigos de Londrina, no Paraná. Mas foi há uns seis anos que o projeto começou a tomar a forma atual. Foi quando Andy (vocais e sintetizadores), Jay (percussão, bateria e vocais), Lhux (guitarra, violões e produção visual) e Rick (sax, flauta, didgeridoo e grande pan, feito de canos de PVC) decidiram apostar de vez nas batidas produzidas em computador, e também em instrumentos exóticos, como forma de enriquecer o som do quarteto.
Bebendo na fonte de bandas como Blue Man Group, Daft Punk e Kraftwerk, o Spyzer já lançou seu álbum de estreia, “I Feel So Free”, que conseguiu boa repercussão, principalmente pelo sucesso da faixa-título. A música foi incluída em coletâneas como “Skol Sensation 2009”, “7 Melhores da Pan”, “Planeta DJ” e “Spirit of London White”, entre várias outras. O grupo também levou a 8ª edição do Prêmio Jovem Brasileiro na categoria Música Eletrônica e fechou 2009 com a faixa animando as baladas dos personagens das novelas “Viver a Vida” (Rede Globo) e “Uma Rosa com Amor” (SBT).
Os paranaenses ainda caíram nas graças do DJ e produtor Antonie, autor de hits como “This Time” e “Underneath”, que levou o som do Spyzer para a Suíça, seu país de origem, por meio de seu selo Egoïste. “I Feel So Free” também ganhou lançamento no Velho Mundo com versões do próprio Antonie em seu mais recente CD, além de ser remixada por vários produtores europeus.
Na entrevista a seguir, Lhux falou sobre o atual momento da banda, projetos futuros e a utilização de instrumentos como o grande pan e o didgeridoo, este de origem aborígene australiana, entre outros assuntos.
Como surgiu a ideia de formar uma banda que unisse instrumentos e música eletrônica?
O nosso projeto musical começou há nove anos. Ainda não era o Spyzer, com música eletrônica, era uma banda que tocava na noite. Mas sempre procuramos inovar. Há uns seis anos, pesquisando, descobrimos várias possibilidades de unir instrumentos e música eletrônica, o que é difícil de se ver. Não tinha nada brasileiro nesse sentido. A gente gosta muito de tec-nologia e resolveu investir nisso.
Como é o esquema de composição do Spyzer?
Nós quatro somos produtores. Com exceção do Jay, que se casou agora, moramos numa casa onde trabalhamos como numa empresa. Cada um tem seu quarto, que funciona como estúdio, e vai compondo de acordo com suas referências. Aí colocamos a cara do Spyzer. Antes a gente colava a parte eletrônica e depois trabalhava em cima da composição musical. Hoje estamos fazendo o contrário: criamos a composição musical e partir dela colocamos o eletrônico.
Recorrer a instrumentos exóticos foi uma necessidade ou uma maneira de se diferenciar?
Foi pesquisando sonoridades que casavam bem com a música eletrônica. Quando ainda só usávamos instrumentos, no intervalo de um show, um cara colocou um CD de uma banda que usava o grande pan. Falamos: “Temos que usar isso”. Aí o Rick bolou um projeto com um amigo dele e criou um modelo que tem uma baita sonoridade legal. O did-geridoo também entrou por acaso. Veio de presente da Austrália, testamos e gostamos. Vamos testando e o que dá certo incorporamos ao nosso som.
O Spyzer gravou um disco próprio, mas tem músicas espalhadas em várias coletâneas. Como surgem essas oportunidades?
É um trabalho da nossa gravadora. Temos a oportunidade de estar num CD com as melhores da Pan, com grandes nomes da música eletrônica, e nos eventos da rádio acabamos conhecendo esse pessoal. Tanto que “I Feel So Free” já está no mundo, DJs ouviram, gostaram, remixa-ram e lançaram. Entre eles, vão trocando figurinhas. É uma galera de quem a gente tocava as músicas, e agora eles estão tocando a nossa.
E como rolou a chance de emplacar músicas em duas novelas?
As emissoras pedem músicas às gravadoras, pra escolher e colocar na novela. Eles mandam de vários artistas. Gostaram muito de “I Feel So Free”, que é uma música bem pra cima, e a gente só ficou sabendo depois que entraria nas novelas. Às vezes a gente está assistindo um programa da tarde, tipo o da Sônia Abraão, e tem música nossa tocando no fundo.
O cenário eletrônico do Brasil oferece muitos lugares para os shows?
A música eletrônica cresceu muito nos últimos três anos. Quem trabalha com música eletrônica não é só um sonoplasta, é um artista. Isso abre várias portas. Temos, por exemplo, tocado em rodeios. Já tocamos depois da Ivete (Sangalo) e todo mundo ficou pra ver nosso show. No dia seguinte, tocamos depois do Chitãozinho e Xororó e todo mundo ficou de novo. Já temos duas datas fechadas pro Carnaval de Salvador. A gente procura inovar nas performances, pra galera ficar ligada também no que está sendo tocado ao vivo.
Vocês estão projetando uma carreira internacional?
Gravamos um videoclipe pra Europa, que foi comercializado numa feira internacional de música eletrônica. Esperamos que esse videoclipe entre nos canais de música eletrônica e de outros estilos também. Queremos levar o Spyzer pra onde pudermos.
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