Cultura
é um conjunto de manifestações ideológicas e comportamentais
compartilhado por um grupo substancial de pessoas. As culturas podem
interagir umas com as outras ou serem suprimidas por uma cultura
dominante.
Os
EUA, como superpotência, é um bom exemplo para entendermos um pouco
como funciona a relação e influência de uma cultura dominante sobre uma
cultura pouco evidente. Hoje, a primeira coisa que pensamos quando
planejamos conhecer outros países é aprender a língua inglesa falada nos
EUA e sabemos também que em qualquer lugar onde formos encontraremos
elementos oriundos deste país. Alguns países aderiram numa proporção tão
grande a cultura norte americana que é necessário, muitas vezes, viajar
a regiões afastadas dos grandes centros para conhecermos grupos que
ainda conservam manifestações típicas, nascidas dentro do país visitado.
De certa forma, chega a ser nítida a supervalorização da cultura norte
americana em detrimento de outras.
Você
conhece a cultura surda? Alguns questionarão: “Existe uma cultura
surda?” Outros dirão: “Sim, conheço”. Mas o curioso é descobrir que
existirão pessoas surdas que desconhecem o que vem a ser uma cultura
surda. Toda cultura é propagada, firmada e estabelecida por meio de uma
língua, portanto este é um instrumento fundamental para os grupos
firmarem suas identidades. É preciso ressaltar, ainda, algo que passa
despercebido, muitas vezes: uma língua é uma cultura, ou seja, é um
elemento identificador de um grupo, assim: alguém sabe que sou
brasileira, porque descobre que falo português brasileiro, bem como eu
reconheço uma pessoa estrangeira por seu sotaque e, por fim, identifico
uma pessoa surda brasileira por falar utilizando a LIBRAS (Língua
Brasileira dos Sinais).
Ao
longo dos anos, a comunidade surda, sujeitos visuais, e algumas pessoas
que entendem a importância da comunicação vêm trabalhando por uma
língua com regras estabelecidas, de forma que nela se preserve uma
unidade de entendimento para que possa ser executada em qualquer região
do país em que foi engendrada. Hoje, muitos países já instituíram a
língua dos sinais como uma língua nacional, a exemplo do Brasil. Este é
um passo importante para a educação e para a inclusão social.
Todos
sabemos que o individuo começa a entender suas peculiaridades e suas
características pessoais e sentimentais na lida com semelhantes
inseridos na mesma sociedade em que vive, no mesmo país, no mesmo mundo.
Hoje, há consciência suficiente em relação a inclusão social, o que
gera entendimento de que uma limitação física não invalida um ser
humano, tendo este direito e capacidade para realizar tarefas e se
relacionar socialmente tão bem quanto qualquer pessoa.
Entendo
que o que move o comportamento de uma sociedade é, em grande medida, o
sentimento. Isto pode parecer romântico de minha parte, mas, se
analisarmos minuciosamente, diagnosticaremos a competitividade, o
consumismo, o desejo de comodidade, o medo, o preconceito, a exclusão
como manifestações de sentimentos bem ou mal trabalhadas por uma pessoa
ou por um grupo de pessoas. Partindo da consciência de que somos
responsáveis ativamente pelas ações sociais e propagação dos sentimentos
sociais, entenderemos que, para uma sociedade melhorar, os sentimentos
que a movem devem ser educados para o bem. A sociedade é feita por nós. A
inclusão não depende de um governo acima de nós, somos o governo. É
necessário que sofistiquemos nossa sensibilidade quanto a qualquer ser
humano, deficiente ou não, a ponto de que o desejo de inclusão não parta
apenas de quem apresenta alguma limitação física ou mental, mas de
todos nós, compostos da mesma matéria, necessitados de comida, bebida,
ar, luz, plantas, animais... e do outro, do outro, do outro que nos
enxerga, que produz, que planta, que ama, que sofre, que vive, que
morre.
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