Por: Débora Rossini
Oooooopaaa!!! No post anterior, pegou-se uma “caroninha” no post da Lak Lobato, blogueira do “Desculpe, não Ouvi”, a fim de mostrar para os leitores dicas para atender às necessidades educacionais de um surdo oralizado. Pois bem, agora o “Sopa” ficou inspirado e resolveu “mandar ver” em uma produção própria: “Aulas adaptadas para ... deficientes visuais!!!!!”
As dicas que se seguem abaixo são destinadas a professores e/ou monitores que trabalham com deficientes visuais (cegos e de baixa visão) no ambiente universitário. (Entretanto, podem ser adaptadas para a realidade de instituições de ensino médio e fundamental; para isso, deve-se considerar que nem tudo o próprio aluno poderá, por si só, explicar ao professor -uma vez que, dependendo da idade, ele não terá maturidade pra entender plenamente o que ocorre com ele e como explicar isso para um adulto. Por isso, quando o estudante deficiente visual ainda é criança ou adolescente, é fundamental que os pais ou responsáveis acompanhem beeeem de perto a vida escolar do mesmo, a fim de estabelecer relações mais estreitas com a escola e seus professores, para explicar o que ocorre com o aluno ; e juntos, buscarem soluções para melhor atendê-lo.)
Foi feita a divisão em “Parte 1” e “Parte 2” , para não cansar tanto o leitor com um post que ficaria tão grande, se fosse escrito de uma vez só! Assim sendo, este post é a parte 1.
Então, “voilà” as dicas para quem dá aula para deficientes visuais no ambiente universitário:
---Logo no primeiro dia de aula, converse com o aluno que apresenta deficiência visual e procure saber em que intensidade é a deficiência visual dele (parcial ou total); qual o tipo de doença ocular que o acomete; quais os recursos assistivos cuja utilização ele domina e quais ele ainda precisa aprender; se usa tecnologias computacionais assistivas (e se sim, quais?);
---Em caso de baixa visão, pergunte-lhe em quais condições ele estuda melhor: é com pouca luz? É com muita luz? Seu campo visual é grande ou pequeno?
---Usa caracteres ampliados, lupa ou Braille? (Nota de esclarecimento: existem pessoas com visão subnormal que não conseguem ler em caracteres ampliados por muito tempo, sob pena de sentir forte incômodo visual. Assim sendo, há pessoas com visão subnormal que preferem utilizar o Braille como recurso auxiliar de leitura e escrita, mesmo não sendo totalmente cegas) ;
---Possui boa orientação espacial e capacidade de construir modelos mentais a partir de audiodescrição ou manipulação de figuras táteis? Isso é fundamental para a compreensão de gráficos, modelos geométricos de Matemática, esquemas de células de Biologia e de modelos atômicos e moleculares de Química, entre outros.
Além disso, ficam aí mais algumas dicas para os professores:
---Quando estiver escrevendo na lousa, procure ler em voz alta o que está sendo escrito, para que o aluno acompanhe o que está sendo feito;
---Ao utilizar retroprojetor ou data-show, procure ler e/ou descrever o que está sendo mostrado. É muito comum os professores, distraidamente, apontarem qualquer coisa na lousa ou numa projeção e falarem: “-Pois bem, você pega este número aqui [e aponta] e soma com este aqui [e aponta de novo]”; ou, então, “Este, este e aquele valor deste gráfico no eixo x [e apontam] têm essa, essa e aquela imagem no eixo y”. O aluno que possui problemas de potência visual, sem dúvida, vai ficar é “boiando”, sem saber do que se trata!!! :-O Então, a atitude mais indicada é a seguinte: fazer uma breve descrição ou leitura de quaisquer representações que estejam na lousa ou projeção -e, assim, prosseguir a explicação. Por exemplo, fica legal se o professor disser: “-Pois bem, você pega o número 5048 e soma com 4560”, ou, então, “Os valores 4, 2 e 6, no eixo x, têm as imagens 5,3 e 7 no eixo y, respectivamente.” Isso, claro, depois de estar comprovado que o aluno tem mentalizado, corretamente, o sistema cartesiano e os eixos x e y espacialmente.
---Sempre que possível, leve para a aula modelos concretos que possam ser manipulados. No caso da Matemática: para se ensinar Geometria Analítica, uma boa saída é utilizar palitos de churrasco e pedaços de papel duro (como capas de caderno, por exemplo), para representar os planos, os vetores, etc.
---Outra boa ideia, para explicar gráficos, é pegar na mão do estudante deficiente visual e “desenhar” com seu dedo, na palma da mão do aluno, o gráfico e suas linhas de representação de valores. Em diversas situações funciona! ;-)
Tais dicas, descritas acima, foram elaboradas, testadas e aprovadas por uma estudante universitária que era deficiente visual (com visão subnormal) , ao fazer as disciplinas Cálculo 1 e 2, Geometria Analítica e Estatística! ;-) Então... que tal?
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