quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Odetto Guersoni (1924-2007)





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Formas justapostas (1977)
Xilografia - 78 x 72 cm
     Odetto Guersoni nasceu na cidade de Jaboticabal, Estado de São Paulo, no ano de 1924.
     De 1936 a 1941 cursou o Liceu de Artes de Ofícios de São Paulo, iniciando sua carreira artística em 1945, quando expôs pinturas no Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos.
     Dois anos mais tarde integrava a coletiva Grupo dos 19, ao lado de Aldemir, Charoux, Otavio Araujo, Grassmann, Maria Leontina e diversos outros artistas que o tempo se incumbiria de tornar famosos.
     Praticava, então, uma pintura figurativa de acentuados laivos expressionistas, caracterizada pela deformação e pelo colorido, cru e estertórico - tal como, de resto, tantos de seus colegas expositores na ocasião.
     Como bolsista do governo francês, Guersoni seguiu em 1947 para Paris e, no ano seguinte, tomou parte nas exposições Peintres et Graveurs Etrangers e Art Libre.
     Aluno de gravura de Renê Cottet, gradualmente transformou esse meio expressivo em seu predileto, em detrimento da pintura, que praticamente abandonou pouco depois.
     Novas viagens de estudos e de especialização em técnicas da gravura levaram-no em 1954 à Suíça, em 1960 aos Estados Unidos e em 1966 à Alemanha e à Áustria.
     Hoje, após ter realizado mais de 40 individuais (inclusive 16 no estrangeiro) e de ter participado de mais de 50 coletivas em diversos países, Guersoni é considerado um dos mais notáveis gravadores brasileiros.
    Conquistou prêmios em diversas mostras, destacando-se as seguintes participações:
  • 2ª Trienal Internacional da Gravura, em Capri (Itália, 1972).
  • Encontro de Gravura dos Países da Bacia do Prata, em Punta del Leste (Uruguai, 1975).
  • Bienal de Gravura da Venezuela (Caracas, 1982)
  • Sala especial na 1ª Bienal Ibero-americana de Montevidéu, realizada em 1983.
  • Retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1994.
Fonte: CD-Rom «500 Anos da Pintura Brasileira»

"Estadão" Online
11 de julho de 2007

MORRE O PINTOR ODETTO GUERSONI
SÃO PAULO - Morreu no domingo, 8, pela manhã, em São Paulo, aos 91 anos, o artista Odetto Guersoni, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose. No dia 30, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003.
A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, fica em cartaz até 30 de setembro. Também neste ano, em abril, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.
Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte. Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940.
Prestes Maia
Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico - “cultivava uma pintura de fria observação da realidade”, como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a freqüentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira. Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).
Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber.
É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca.
Gravuras
Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) - apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida. Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo. Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura - incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos.
Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período. Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual.
No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. “A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano”, explicou o artista ao Estado em 1998. Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. “As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante”, disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna

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